domingo, 27 de dezembro de 2009

Design Thinking

Existe um tabu sobre a palavra design no Brasil, que nos limita a pensar em "estilização" mas o verdadeiro sentido na língua inglesa vai muito além. Design é projetar, é transformar uma idéia em algo palpável, é resolver um problema.

A palestra abaixo fala sobre o Design Thinking Process, descrito na wikipedia como "um processo para resolução prática e criativa de problemas ou questões que procuram por resultados futuros improváveis".



É um processo simples, descrito de algumas formas diferentes em ocasiões diferentes, mas que todos parecem-se muito como o esquema apresentado na figura abaixo.


6 passos do Design Thinking Process, surrupiada daqui

Produtizar é fazer design. É pensar na solução de problemas, principalmente o problema de muitos.

Eu, que sou da área da computação, tenho passado muito tempo "batendo cabeça" na resolução dos problemas dos usuários dos softwares que desenvolvo, e visualizo com muita clareza este processo entrando em prática principalmente na concepção e também no desenvolvimento de software.

O mais interessante é que muitas empresas de desenvolvimento de software simplesmente não conseguem sozinhas abrir seus horizontes e pensar "fora da caixa", com um processo baseado num design centrado nos verdadeiros problemas de seus clientes. Para resolver este problema, está surgindo a Nextt.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Google, Apple e as teles

Apple é uma empresa que vende experiência. Eles são uma marca “top”, se eles estivessem no ramo automóvel, seriam a BMW, Mercedes, Porsche e misturadas em um único carro. Possuem cerca de 12% do mercado de PCs no E.U.A.; porém no mercado de PCs top de linha (computadores portáteis acima de US$ 999 e desktops acima de US$ 699), sua participação chega a 91%.

Como eles entraram no mercado de telefonia móvel é uma história estranha e complicada, mas é melhor vê-los como um fornecedor de um produto que é um upgrade móvel do seu MP3 player (do seu ponto de vista), que se tornou altamente rentável. O ponto de vista original da Apple que a diferencia é a importância dada à experiência do usuário. Sem Mac OS X para diferenciá-los do restante do mercado, seus computadores seriam apenas PCs mais caros. Assim sendo, não deve ser nenhuma surpresa que a Apple e sua equipe de negócios tenham um único objetivo: manter o controle da plataforma do iPhone e fazê-la diferente (e impressionantemente boa).

A Apple não quer destruir as teles, pois eles só querem usá-los como um canal para vender a sua experiência do usuário. O Google, no entanto, é uma outra questão.

Google é uma empresa de publicidade. Seu modelo de negócio inteiro se baseia na quebra de barreiras de acesso que impedem o público de acessar ao conteúdo da internet lotado de anúncios do Google. Eles querem que o setor de comunicações móveis mude e que a concorrência passe a ser puramente disputada em largura de banda. Na verdade, eles seriam mais felizes se as teles forem embora, sumissem da frente dos usuários e todos estes passassem a utilizar terminais com acesso à dados ilimitado e de preferência grátis. Mais largura de banda, mais a navegação na web, mais anúncios, mais receita para o Google. Simples!

Pois bem, isto dito, vamos comentar sobre o anuncio do Nexus One ocorrido durante semana passada e que pode ser bem significativo para esta história. Se os rumores são verdade - que eles estão empurrando o Nexus a um preço baixo ou subsidiado, e fortalecendo a T- Mobile (o mais fraco dos cellcos dos E.U.A) para fornecer dados com uma tarifa móvel única acessível, acesso VoIP, além de roaming internacional -, então eles têm estão enviando um cavalo de Tróia para a indústria da telefonia móvel.

Talvez o Google está iniciando uma grande estratégia que poderá destruir o modelo de negócios das teles, que hoje se apresentam como um gateway de acesso super valorizado com conteúdo controlado com seu modelo de negócios sedimentado sobre contratos que prendem os usuários vendendo celulares premium (como o iPhone) em um contrato de fidelização.

Para o Google seria perfeito transformar o serviço 3G de dados (e, posteriormente, LTE) em uma commodity, como o serviço de hotspot Wi-Fi mais amplo e mais barato. Eles querem que os usuários comprem celulares baratos desbloquados e passem a utilizar SIM Cards de dados baratos, ao invés dos planos de voz antiquados e ineficientes mantido pelo telcos, então eles poderiam disponibilizar o Google Voice sobre ele, e, finalmente, realizar o negócio da Google para todas as suas mensagens de voz, bem como  e-mail e acesso à web.

(Não é necessário comentar que isso vai levá-los a um conflito com a Apple. Até agora, o iPhone da Apple tem sido bom para a Google: os usuários do iPhone navegam muito mais na Internet - e vêem muitos mais “adsense” - do que usuários de telefones comuns. A Apple quer manter a experiência dos usuários e seguir vendendo através do jardim murado da App Store e do iTunes. A Apple é uma ameaça implícita ao Google porque ele não pode utilizar seus anúncios dentro do universo Apple)

A verdadeira mensagem aqui é que se o Google tiver êxito, a base o seu serviço de telefonia móvel em 2019 vai ser irreconhecívemente diferente daquela de 2009. Alguns dos maiores nomes do serviço de telefone (T-Mobile? Orange? Vodafone? AT & T? Verizon?) Seguiram o mesmo caminho Transbrasil, VASP dentre outros. Restarão apenas as teles com melhor infra-estrutra e interoperabilidade, que terão sucesso na adequação à este novo modelo de negócios, vendendo bits pelo preço mais baixo.

Provavelmente la por 2019, a tecnologia VoIP já deve prevalecer sobre o modelo atual, nós vamos ver algo não muito diferente de DNS ou endereços de e-mails no lugar do número de telefone. Então, o processo será concluído, a Internet terá comido o sistema de telefonia como conhecemos hoje.

O que é bom para a internet é bom para o Google. Neste momento, as companhias telefônicas não são boas para a internet. Se estou certo sobre a grande estratégia, o Googlephone vai mudar isso.

FONTE: Charlie´s Diary